A ESCOLHA DE UMA CARREIRA

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Artigo elaborado por Professor Doutor Luís Valente de Oliveira

Há, naturalmente, alguma preocupação ou mesmo ansiedade quando chega à altura de escolher uma carreira. E, todavia, não é disso que se trata, mas somente de optar por uma formação de longo espectro que permita ao candidato ter acesso a uma vasta gama de carreiras possíveis que as circunstâncias da vida lhe hão-de proporcionar.

Nos nossos dias é certo que se terá de contar com a obrigatoriedade de realizar algumas formações complementares ao longo da carreira quer porque os conhecimentos vão evoluindo, quer porque o seu rumo irá reclamando complementos de que não era provável antever a necessidade quando o estudante frequentava o seu curso estruturante. Designo-o, assim, porque admito que se prefira ir para o mercado do trabalho já com um princípio de profissão apontado. Todavia, há muitos países em que isso não é obrigatório, nem sequer a regra; há gestores que começam por um curso de literatura moderna e banqueiros que vão para o exercício da profissão com um curso de história moderna ou de filosofia. É certo que quem envereda pela prática da medicina habitualmente vai munido com um curso nessa área, bem como os engenheiros que, naturalmente, também o fazem. Mas estes últimos, se lhes virem confiadas tarefas de gestão, o que é comum ao fim de meia dúzia de anos, logo têm de adquirir formação nessa área, frequentando cursos de M.B.A (Master of Business Administration), ou semelhantes, a tempo-pleno ou a tempo-parcial, para adquirir novas competências e conhecimentos.

O normal, no nosso tempo, é contar com formação diversa ao longo da vida activa porque o tipo de responsabilidades que se vai assumindo o reclamam ou porque a evolução dos conhecimentos o impõe. Muitas dessas formações complementares são formais e dadas em universidades; mas algumas outras são adquiridas por conta-própria, o que exige capacidade autónoma para o fazer.

Compreende-se, por isso, que se entenda como fundamental o pensar bem, o comunicar bem e o estar sempre disponível para aprender.

Isso tudo começa por adquirir-se muito antes de chegar à Universidade. Os doze anos de educação formal com que se vai munido quando se chega ao ensino superior devem ter assegurado as bases para fazer aquilo tudo de modo confiante e com abertura a todos os ramos do conhecimento.

Compreende-se, por isso, que se recomende que, para ser bem-sucedido naqueles três grupos de grandes propósitos, se escolha um curso de que se goste pela simples razão de que se costuma fazer bem e com menos esforço aquilo de que se gosta. Porque se pode partir com a certeza de que a vida nos costuma reservar desafios para responder, para os quais são necessários a confiança, o gosto pela descoberta, a capacidade para responder a reptos novos, a abertura para compreender os outros, algum jeito para organizar as soluções…

Não são somente os conhecimentos que importam. As vivências que a frequência de um curso universitário permite contam muito para uma formação que, em tempos se chamou integral, mas se caracteriza especialmente por não ser afunilada para uma determinada técnica, compreendendo antes numerosas componentes que poderíamos designar como moldagem do carácter e compreensão da sociedade. Por isso é tão importante a prática de um desporto, a visita a fábricas e outras instituições, o confronto com outros mundos e outras maneiras de ver o que nos rodeia, o envolvimento activo em tarefas que respeitem à sociedade como forma de a entender e como treino para nela intervir.

Felizmente, a vida é variada e está a pôr-nos desafios novos todos os dias. O tempo que se passa na universidade é de formação intensa, mas, para ser útil, tem de ser vivido intensamente. Os conhecimentos são, naturalmente, muito importantes. Mas mais do que a sua aquisição é a formação do carácter e a aprendizagem do viver em sociedade, com partilha de responsabilidades em relação ao seu progresso. Por isso, a curiosidade é tão central no quadro da aventura irrepetível que representa a frequência de um curso universitário, como fase vestibular de uma vida que se quer estruturante e realizada nas numerosas componentes que ela tem.

Compreende-se, assim, que se insista que na escolha de um curso deva contar especialmente o gostar-se muito do que ele trata, porque devemos dar o máximo das nossas capacidades e isso é mais fácil quando se gosta. Na certeza de que não são somente os conhecimentos que importam. A idade permite absorver outras coisas, como comportamentos e inquietações, procura de compreensão e exigências éticas, mundividência, sentido de responsabilidade e muitas outras coisas estimulantes que, nessa altura da vida, ficam como marcas para todo o sempre.

Professor Doutor Luís Valente de Oliveira

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