O que eu achava que a universidade era e aquilo que realmente foi para mim

Partilhar

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Artigo elaborado por Joana Moscoso

Nasci em 1985 em Valença do Minho. Como muita gente da minha geração, cresci com o sentimento de que a universidade era um passo “óbvio” e “necessário” na minha educação. Um “to-do” que nasceu comigo. Fui na onda. Gostava muito da escola porque estava com os meus amigos e aprendia coisas novas. Aos 9 anos, muito cedo, descobri um fascínio por bactérias, o que fez com que a expectativa de ir para a universidade fosse algo ainda mais “óbvio” e “necessário”. 

A primeira grande coisa que eu não sabia, era que a universidade era algo opcional. Não sabia que grandes líderes como o Steve Jobs não tinham concluído a universidade. Não sabia que a maior parte das empresas portuguesas são lideradas por grandes homens e grandes mulheres sem ensino superior.

A segunda grande coisa que eu não sabia era que existia uma correlação real entre o nível salarial daqueles que frequentam e concluem o ensino superior e aqueles que não o fazem. Não tinha noção do quão “apetrechada” eu realmente estava a ser para o “mundo real” e do quão difícil ou distante o conceito de ir para a universidade era para outras pessoas. Mais, não tinha naquela época noção da desigualdade de género, e do quão castrador para outras jovens como eu, o ambiente familiar ou da comunidade onde estavam inseridas podia ser.

O que eu achava era que a universidade era um local para todos, onde se frequentavam aulas e se aprendia novo conteúdo relacionado com a área de estudo que tínhamos escolhido. Estava enganada. A universidade era, e é, muito mais do que isso. O que eu encontrei na universidade foi uma plataforma para exprimirmos os nossos valores e ideias, um caldeirão de pessoas com inúmeras competências e variados interesses, e uma oportunidade para assumir o leme do nosso futuro. 

Passados (quase) 15 anos desde a minha graduação como licenciada e 8 anos como doutorada, posso dizer que a universidade foi uma experiência transformadora para mim e que largamente superou as minhas expectativas. Na universidade fiz bons amigos, conheci colegas de trabalho excepcionais, uni forças com sócios co-fundadores de projetos sociais e pioneiros, contactei com pessoas de referência internacional, organizei pequenos e grandes eventos, e contribui para a gestão e operacionalização dos projetos de associações profissionais. 

Vivi o dia-a-dia de universidades em vários países do mundo e trouxe sempre algo de muito positivo comigo. Mais ainda, entre 2007 e 2017, vi uma transformação na sociedade muito importante a acontecer: o mundo deixou de perguntar se Portugal é uma região de Espanha ou fica na América do Sul ou África, e passou a saber que Portugal é um país extraordinário e encantador na Europa. É neste tipo de transformações societais que eu me foco neste momento. O meu trabalho foca-se em criar uma mudança positiva no mundo onde o bem-estar do indivíduo é considerado de forma holística e onde existe equidade e diversidade na educação e ciência. Através da Chaperone, ajudo universidades a equipar melhor os alunos para o mundo do trabalho e a comunidade científica a pensar nas suas carreiras de forma sustentável, planeando e gerindo a sua carreira de uma forma que potencia o bem-estar e a produtividade. Através da Native Scientist, crio pontes entre investigadores e crianças para reduzir o hiato entre a ciência e a sociedade e promover a literacia científica.

A minha mensagem aos alunos da Universidade do Minho é: sintam-se especiais, porque o são; e estejam atentos. Por vezes as frases e momentos mais transformadores e decisivos da nossa vida acontecem quando menos esperamos.

Joana Moscoso

MIT Innovator Under 35
Top 100 Woman in Social Enterprise

Bem-vindo de volta!

Este website utiliza cookies para melhor a experiência de navegação. Ao continuar navegar no website estará a consentir a sua utilização.

Ver termos e condições.